Sem acordo, jogos do Flamengo pelo Carioca podem ficar sem TV; entenda

Flamengo é o único dos grandes que ainda não assinou o contrato (Foto: Reprodução)
O Fluminense não resistiu à pressão e se juntou a Vasco e Botafogo. Os três assinaram o "de acordo" com a Federação de Futebol do Rio (Ferj) para renovação dos direitos de transmissão do campeonato Carioca com a Globo. Segundo o ESPN.com.br, por Gabriela Moreira, só falta o Flamengo. E enquanto o rubro-negro não assinar, ninguém recebe. A cinco meses do fim do ano, as negociações estão estagnadas e o Estadual está perto de ficar sem o rubro-negro na TV pelos próximos oito anos.

Embora com a decisão em suas mãos, o Flamengo está cada vez mais pressionado a ceder. A emissora já avisou que não pagará adiantamentos a Vasco, Bota e Flu (nem Ferj) enquanto não tiver os quatro grandes. Os clubes precisam de dinheiro e tentam colocar o rubro-negro contra a parede. O Flamengo, por sua vez, não abre mão de alguns pontos:

- receber diretamente (sem que o dinheiro passe pela Federação);

- que o contrato esteja vinculado a regras de transparência, como saber quanto a Ferj empresta de dinheiro aos clubes e as condições desses empréstimos;

- que a Ferj diminua de 10% para 5% a taxa nos jogos;

-  que a entidade seja impedida de interferir em preço de ingressos;

- que o decidido nos arbitrais não possam mudar contratos assinados;

- que os clubes possam explorar a publicidade nos estádios;

- e que o valor pago aos clubes seja maior que o recebido pela federação;

Segundo apuração da fonte, a Globo dobrou o valor para compra dos direitos do campeonato (2017-2014), oferecendo R$ 120 milhões por ano, no total. Dos quais, R$ 12 milhões (10%) serão pagos à Ferj, enquanto os quatro grandes receberiam R$ 15 milhões (15%) cada. Desta forma, a Federação acabaria ganhando mais do que os clubes, uma vez que ela ainda tem o direito exclusivo de comercialização de propaganda nos estádios, o que pode dar, de acordo com cálculos de quem acompanha o setor, um total de R$ 24 milhões de faturamento.

Descontando os R$ 60 milhões dos quatro grandes e os R$ 12 milhões da Ferj, sobram R$ 48 milhões que seriam divididos a maior parte para os clubes considerados médios: Boa Vista, Volta Redonda, Madureira e Bangu, seguidos dos demais considerados pequenos e ainda as premiações e outras despesas da federação.

Fluminense era aliado contra a Ferj

No início das negociações, Flamengo e Fluminense se colocavam do mesmo lado: contra o controle da Ferj. No entanto, nos últimos dias, o Tricolor acabou cedendo e assinou o "de acordo". Procurado, Peter Siemsen disse que não comentaria. O presidente apenas afirmou "não recebemos nada até agora pelo Estadual".

A Ferj se limitou a dizer que "o contrato atual dos direitos de televisionamento do Campeonato Estadual tem vigência até o dia 31 de dezembro de 2016 e a Federação de Futebol do Rio de Janeiro, por obediência à cláusula de confidencialidade, não se manifestará a respeito da renovação". A fonte, no entanto, também havia questionado sobre as críticas feitas pelo Flamengo, mas a Federação se negou a responder. 

O Flamengo também alegou questões de confidencialidade para tratar dos detalhes, mas informou que "o clube não se opõe a que ninguém assine, mas se recusa a fechar um contrato lesivo à instituição e ao futebol carioca. Receber mais do que a federação é o mínimo que se espera. Queremos receber um valor compatível com a importância e a exposição do clube", disse o presidente Eduardo Bandeira de Mello, completando:

"Estamos tratando com a TV Globo e sabemos que eles também têm boas intenções. Mas se não der para o Flamengo participar com o time principal do Estadual, vamos lamentar. Podemos colocar o time B, mas não teremos nossos jogos transmitidos", disse.

Em tese, o rubro-negro pode aguardar o andamento do Brasileiro, para saber como se posicionar no primeiro semestre do ano que vem. Entre as opções estão jogar o Estadual com o time B, e priorizar a Primeira Liga ou a Libertadores, caso consiga estar no G4 ao fim da temporada.

Neste ano, a moeda de troca da Ferj foi justamente o dinheiro da Globo. A federação, quando não atrasou, ameaçou não transferir para a dupla Fla-Flu as cotas do Estadual, como poder de barganha na tentativa de impedir que os dois participassem da Primeira Liga.

Dentro da Globo, o assunto é tratado com cautela e provoca divisões de posicionamento. Há um grupo que já vê como necessária a desvinculação dos pagamentos à Ferj para maior independência dos clubes. Já outro, ainda vê a federação como aliada e prefere a manutenção do modelo.

A ver até quando Flamengo segura a pressão. E até que ponto o campeonato perde com a possível retirada do time rubro-negro de campo.

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