Albio Melchioretto #106: A mídia não é dissociada da política

Fim do Caderno de Esportes da Folha de S. Paulo é um dos temas abordados pelo colunista (Foto: Reprodução)
A vida não é um linear contínuo. Está entrelaçada por diversas acontecimentos simultâneos ou quase que se entrecruzam. Foram três acontecimentos da semana que me fizeram pensar para a reflexão de hoje. O Youtube; as paraolimpíadas e a Folha de S. Paulo. Três mídias diferentes, e não excludentes entre si, e que tem uma fatia respeitosa de espectadores. Mas se entrecruzam o tempo inteiro.

É crescente a busca por conteúdos sob demanda. Um dos serviços mais populares é o YouTube. Outro dia, por acaso, encontrei na íntegra a final da Copa do Mundo de 1958. Com narração pelo SportChannel. A independer do idioma, vale o registro, pela iniciativa. Muito interessante perceber o que era futebol em 1958 e comprar com aquilo que chamados hoje. São modos diferentes de se jogar, com outras táticas e perspectivas particulares. Os aplicativos de vídeo sob demanda são bacanas por conta disto. Acho muito interessante a iniciativa de “players” com clássicos e jogos antigos. Não com intenção de audiência, mas com a intenção de deixar o acerco disponível aos espectadores. Uma biblioteca de consulta permanente. A postagem no YouTube não é oficial, mas feita por aficionados, mas os clubes, e os canais poderiam pensar numa sessão retro. Seria eu uma audiência constante. E você? Assistiria aos jogos antigos?

Albio Melchioretto (Colunista)
Contato: albio.melchioretto@gmail.com
Twitter: @amelchioretto
E como foi o acompanhamento das paraolimpíadas? Foi muito diferente do que pudemos acompanhar nos jogos Rio-16. Não há como comparar os eventos, são perspectivas diferencias. Os canais exibidores estavam mais preocupados com as medalhas nacionais que necessariamente com a competição. Apesar das disputadas políticas, aquilo que a TV Brasil se propôs fazer o fez bem feito. Mostrar os atletas nacionais. Aqui acredito que está o papel da televisão pública. Pena que as manchas da democracia corrupta também tenham tentáculos dentro do canal e na TV Cultura. Deveríamos copiar o modelo de gestão da BBC Brasil e não da TV Pública da Argentina. Na apenas nela, mas os canais que mostraram a competição a ideia foi evidenciar os brasileiros em disputa. Não quero entrar no mérito do esporte, da competitividade e das pessoas com deficiência, mas ficar na amostragem do evento em si. Gostei do que vi.

Por fim, numa nota triste. O fim do Caderno de Esportes da Folha de S. Paulo. Primeiro os veículos pequenos começam a desaparecer. No momento seguinte, os grandes grupos compram os menores, e agora o enxugar. E por favor, não me venha com crise, porque esta não é a justificativa. O que vivenciamos é uma transformação em escala mundial dos veículos impressos diante das novas mídias. Se os conteúdos sob demandam expandam, as mídias tradicionais encolhem, o problema é que este encolhimento está mexendo diretamente com a qualidade. Vide o exemplo da Folha de S. Paulo, o desaparecimento da versão impressa da Gazeta Esportiva; e tantos outros que já não estão mais entre nós. Que tipo de formação teremos? Ou ficaremos apenas na informação?

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