Albio Melchioretto #108: Um jornalista precisa de bilhete azul

Colunista comenta demissão de José Trajano da ESPN (Foto: Reprodução)
Semana de muitas coisas, de muitas notícias surpreendentes.

O debate sobre a demissão de Trajano não deveria acontecer a partir do demitido, mas a partir da imposição da matriz americana.

Sou, ou era, ainda não sei, fã da ESPN por conta do apelo político declarado. Saber que a matriz americana exige um silenciamento me faz repensar o quando vale a pena acompanhar o canal. Claro que a superficialidade de análise da concorrência ainda é um ponto questionável. Para onde zapear? Exigir neutralidade de jornalista é no mínimo ridículo. Não se faz um país livre com restrições de pauta, seja quem for o responsável pela restrição, o empregador ou o governo. O silenciamento de Trajano, Lúcio de Castro e o isolamento do PVC com alguns colegas fanfarrões estão deixando o futebol brasileiro mais burro em suas análises. Futebol e política caminham de mãos dadas. Podemos até discordar das opiniões de Trajano, mas prefiro ter na televisão alguém que me faz pensar, que me questione ao ver comentaristas vazios que aceitem uma política da mordaça. É preciso a crítica, a acidez, o mal humor para romper com os peidos cor-de-rosa que tanto enche o saco nas mesas redondas, onde falastrões que nada dizem gritam sem nada acrescentar. Não estou contrário a demissão de Trajano, estou contrário as manifestações que silenciam o posicionamento político claro, que sepultam o jornalismo investigativo. Não tenho mais paciência para comentaristas cheios de piadinhas a análises superficiais. Estamos experimentando um emburrecimento nas análises. Se aceitamos a limitação das posições políticas, logo estaremos aceitando as limitações de análise, de interesse publicitário, ou limitações de qualquer natureza. Não se faz um país livre sem liberdade de expressão.

O silenciamento da mídia esportiva continua para além da ESPN, a Folha de S. Paulo extinguiu o Painel FC e o blog Olímpicos, e a Record sem departamento de esportes.

Albio Melchioretto (Colunista)
Contato: albio.melchioretto@gmail.com
Twitter: @amelchioretto
Libertadores Champions.
Gostei da ideia de espichar a competição pelo ano inteiro. O inchaço é o que preocupa. O pré-grupos terá uma emoção adicional. Que venha outros tolimaços. O FS ganhará em muito com a competição ocupando pautas no ano inteiro, fazendo jus ao termo #casa_da_libertadores. Mesmo com as semelhanças entre as competições europeias e com a nossa, é preciso ter claro que elas estão em níveis diferentes, e que a extensão territorial da América do Sul é 74% maior que a Europa e ainda há os famigerados clubes mexicanos. O tamanho geográfico faz a competição ter um apelo diferente. Falo disso diante da euforia que os comentaristas ligados ao FS publicaram diante das mudanças. Elas são interessantes, mas cautela, principalmente diante do fato que termos mudanças de regulamento com a bola rolando. Como por exemplo, os classificados: G4; G5; mas voltará a ser G4 se Coritiba ou Chapecoense vencerem a Copa Sul-americana? E como ficará o espaço da Sul-americana nos canais com ela competindo com a Copa do Brasil e com a fase aguda da Libertadores? Não basta mostrar é preciso dar qualidade a amostragem. A euforia não pode dar lugar ao olhar crítico.

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