Albio Melchioretto #109: Não há espaço para inocências

Possível virada de mesa na Copa do Nordeste é um dos temas comentados pelo colunista (Foto: Reprodução)
Frequento e utilizo profissionalmente as mídias sociais, mas cada vez mais tenho me aborrecido com opiniões extremadas. Vivemos em tempos onde algumas pessoas usam apenas as mídias sócias para transformar informação em conhecimento. Isto é um problema porque é muito pouco. As informações em fluxos de timeline são perigosos, por geralmente, desvinculadas a uma fonte segura, e são parciais e fragmentadas. Este pedaço de informação tem servido de base a falastrões inflamados. Há determinados assuntos que, se citados, são tomados como ofensa. Os espaços de liberdade de expressão também são carregados com o dever moral da informação e do conhecimento, e não de abestados que falam por falar e ainda acreditam que contribuem para o debate. Faço esta longa introdução por conta de algumas linhas que vi no Facebook esta semana ao pesquisar opinião pública acerca dos temas da semana. Com isso chego também ao comentarista, de qualquer mídia, ele precisa provocar o espectador, no sentido de fazer este pensar e transcender o radicalismo e o extremismo que há. Os extremos pouco acrescentam. Vide a provocação do Cucabol. É um crime falar que o líder do campeonato joga mal?

O radicalismo impede de observar as diversas possibilidades que se apresentam. Duas notícias que circularam esta semana me fizeram lembrar de outras, que inocentemente foram veiculadas há alguns meses. A Champions da América com a “nova” libertadores e a vaga cearense com a alteração da classificação para Copa do Nordeste.

Albio Melchioretto (Colunista)
Contato: albio.melchioretto@gmail.com
Twitter: @amelchioretto
O Esporte e Mídia lembrou que o Portal Terra publicou matéria, assinada pelo jornalista Silvio Barsetti, na qual diz que CBF, a Liga do Nordeste e o Esporte Interativo, que é a emissora detentora dos direitos de transmissão da Copa, estariam trabalhando juntos para rasgar o regulamento da Copa do Nordeste que credencia à disputa apenas os mais bem classificados nos campeonatos estaduais. Tudo isso com a finalidade de dar vaga ao Ceará na edição de 2017. Unidas a favor da lisura da Copa, oito federações do Nordeste e vários clubes da região contestam o que classificam como um escândalo. Como de costume, os envolvidos negaram. Entretanto, no finalzinho do mês de maio, alguns veículos noticiaram que os presidentes das federações de Pernambuco, Bahia e Ceará, em conjunto com os dirigentes de Náutico, Santa Cruz, Sport, Bahia, Vitória, Ceará e Fortaleza, se articulam nos bastidores para modificar a fórmula de disputa e de acesso para a Copa do Nordeste. Favorecendo aos grandes clubes. É evidente que uma competição com grandes clubes é mais interessante ao público, a televisão, mas não é moral. Uma competição se assegura com respeito as regras e a lisura de um canal detentor de direitos se constrói com coerência em discursos. Não adianta criticar quando não transmite e ignorar as regras quando se vende o evento, se envolvido estiver. Mas não acredito em inocência quando penso ambos os fatos.

Quem vende a Libertadores deve estar piscando os olhos igual o personagem Riquinho (quem for dos anos de 1980 consegue lembrar deste desenho animado). Novamente a inocência é limada. A mudança da Libertadores não é uma questão técnica ou de geração de competitividade, mas de interesse financeiro. A distribuição das vagas deixa claro o jogo de interesses que existe. Esta mudança vem justamente doze meses depois da veiculação da intenção de se criar uma competição pan-americana. A empresa italiana que deseja uma nova competição, a moldou pensando em jogos eliminatórios com duração de um ano. Coincidências? Ou é a “nova” Libertadores uma tentativa de impedir uma nova competição oferecendo o mesmo que ela e traçando alianças com as federações com um inchaço?

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