Albio Melchioretto #110: Torcedor perna-de-pau

Colunista usa caso de Mauro Cézar Pereira para comentar a relação jornalista/torcedor (Reprodução)
Sou torcedor do Corinthians. Aqui em Santa Catarina, acompanho frequentemente os jogos do Metropolitano. Tenho uma coleção de camisas de futebol de diversos clubes. Torcer pelo Corinthians não me impossibilita de acompanhar algum jogo do Palmeiras e perceber as virtudes dos comandados de Cuca. Não torço por nenhum canal de televisão, torço para times, mas isto não impede de escrever, comentar e divagar sobre o que está acontecendo. Então, por qual motivo, a presença de Mauro Cezar Pereira na arquibancada no Pacaembu, entre os torcedores do Flamengo foi polêmica?

Recupero uma frase de PVC, que li ao longo da semana, e também está no seu livro, Jornalismo Esportivo, “imaginar que jornalista que trabalha com futebol não tem time de futebol é acreditar em Papai Noel”.

Albio Melchioretto
albio.melchioretto@gmail.com
@amelchioretto
Entretanto, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, como diz um filósofo de botequim. O que espero de um jornalista esportivo é competência para realizar as análises e informações que me tragam reflexões. O time que ele torce é irrelevante, crucial são outros pontos. Uma das questões que deveríamos debater são quais os interesses que há por detrás de editoriais, porque determinadas notícias são mostradas e outras permanecem veladas. Há também uma miopia crônica na imprensa esportiva que privilegia determinadas praças e determinados clubes, ignorando o gigantismo do Brasil. Por que jornalistas investigativos estão em extinção? Mas não, o torcedor perna-de-pau se preocupa em falar de um jornalista visto numa arquibancada. A mediocridade da mídia atente a um perfil medíocre de consumidor.

Agora, o que me incomoda não são apenas a discussão do tema, mas o além que é transportar a presença do torcedor, que por acaso é jornalista, com memes e piadas ofensivas para as Redes Sociais. A instalação da sociedade da intolerância. Se o jornalista tem a capacidade intelectual de separar a torcida do trabalho, porque o espectador não pode ter a mesma capacidade? As falas de MCP postadas no dia seguinte, foram espetaculares. “Eu defendo a cultura da arquibancada, o direito de torcer. Duvido que algum jornalista defenda mais isso do que eu”, afirmou. “Eu seria um idiota, um cretino, se eu não fizesse o que fiz ontem no jogo Flamengo x Santa Cruz, quando fui com meu filho, como fiz contra o Figueirense, como fiz no Fla-Flu (…) Se não gostarem, paciência. Mas não vai mudar”. A cultura da arquibancada é o que faz a festa no futebol e não a cultura de memes.

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