Integrantes do "Linha de Passe" criticam pressão de torcida por times de jornalistas

Bancada do "Linha de Passe" nesta segunda-feira (Foto: Reprodução)
O "Linha de Passe", tradicional mesa redonda da ESPN Brasil, dedicou seu primeiro bloco, nesta segunda-feira (10), a discorrer a respeito da relação entre a torcida de jornalistas esportivos e a imparcialidade. O mote foi o registro da presença de Mauro Cezar Pereira, comentarista da casa, na torcida do Flamengo em jogo diante do Santa Cruz, no Estádio do Pacaembu.

Segundo o UOL Esporte, os jornalistas da mesa falaram sobre a paixão dos jornalistas por futebol antes mesmo de enveredarem pela profissão. Juca Kfouri, o primeiro a falar, relembrou momentos em que a imprensa fala bem de times, o que faz com que a torcida associe a imagem do clube ao jornalista.

“As pesquisas que a TV Globo fazia sobre seu pessoal de jornalista me rotulavam quase 90% como são-paulino. Muita gente diz: ‘você faz esse gênero de corintiano só pra ficar com a maioria, mas é demagogia.”, diz, relembrando sua passagem pela emissora carioca durante o período em que o São Paulo conquistou o bicampeonato da Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes (1992 a 1993). “Fiquei com fama de são-paulino – que não me desagrada, como não me desagrada ficar com fama de santista, de flamenguista, de torcedor do Galo, embora eu seja corintiano”, afirmou.

Kfouri – torcedor do Corinthians – diz que talvez não revelasse publicamente seu time do coração se estivesse começando a carreira hoje. Para ele, a cobrança de torcedores a respeito de jornalistas começou a ganhar força na década de 1980, alcançando a “intolerância” de hoje.

“Eu achava que tinha que dizer (o time de coração no início de carreira). Me perguntam: qual é o seu time? Meu time é o Corinthians. O PVC tem uma frase famosa, que só diz o time que torce quando perguntam. Imaginar que jornalista que trabalha com futebol não tem time de futebol é acreditar em Papai Noel”, comparou.

Quem também comentou a questão envolvendo Mauro Cezar Pereira foi Arnaldo Ribeiro, que incentivou a presença de jornalistas nas arquibancadas dos jogos.

“A gente vem discutindo quão preciosa é a experiencia de ir a arquibancada, elucidativa, formadora de caráter. É insuperável, inclusive para o jornalista, a visão que voce tem do jogo participando do jogo”, disse, lamentando a cobrança sobre a imprensa. “Essa é uma experiência que os jornalistas que não podem mais repetir estão perdendo. Acho muito importante.”

Gian Oddi também comentou a polêmica e relembrou sua própria presença em jogos de seu time de coração.

“Eu vou a estádio o tempo todo, pagando ingresso, como torcedor. Não tenho o menor problema em tirar foto com quem pede para tirar foto. Tenho total clareza da minha honestidade trabalhando”, disse, também insatisfeito com os debates com os torcedores. “Em uma época em que argumentos são rebatidos com memes, tudo isso fica muito complicado. Qualquer coisa que você fale, que você diga… Se você falar mal do time que é seu arquirrival, vão responder seu comentário com sua foto com camisa do time.”

O último a falar foi Mauro Cezar Pereira, o principal envolvido na polêmica. Em seu pronunciamento, relembrou que profissionais de futebol – não apenas jornalistas, mas também jogadores e treinadores – poderiam ter times de coração na infância, que nem sempre correspondem aos times nos quais trabalham.

“Será que o Zé Ricardo (técnico do Flamengo) era vascaíno quando era criança? É possível. Dizem que o Cuca é palmeirense, mas vai que ele era corintiano – assim como ele pode treinar o Corinthians. Existe um fetiche sobre o time dos jornalistas”, comparou.

“Se o Gabriel Jesus revela que não era palmeirense, que era corintiano, quem vai ficar com raiva do garoto? Isso é uma bobagem, uma infantilidade muito grande. No fundo, a pessoa fica esperando que você se revele torcedor do time dela. Quando não é, se irrita”, completa.

Em seu pronunciamento, Mauro Cezar deixou claro que compareceu a outros jogos do Flamengo em São Paulo neste ano, sempre acompanhado dos filhos. E reforçou sua posição, defendendo torcidas.

“Eu defendo a cultura da arquibancada, o direito de torcer. Duvido que algum jornalista defenda mais isso do que eu”, afirmou. “Eu seria um idiota, um cretino, se eu não fizesse o que fiz ontem no jogo Flamengo x Santa Cruz, quando fui com meu filho, como fiz contra o Figueirense, como fiz no Fla-Flu (…) Se não gostarem, paciência. Mas não vai mudar”, acrescentou.

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