Albio Melchioretto #114: A chapa está quente

Colunista cita Mauro Cézar Pereira para comentar os debates acalorados na TV (Reprodução)
Primeiro, gostaria de saudar publicamente o colega Alípio Jr. por seu retorno as colunas regulares. Lê-lo é sempre uma oportunidade de aprendizagem.

Com a mesma raiz da palavra diálogo, dialética pode significar dualidade, mas também oposição de razões, atitudes ou argumentos. A ideia de oposição, antítese ou contradição, porém, embora essencial à noção de dialética, não esgota seu significado. Para os filósofos gregos, era essencialmente um método lógico de perguntas e respostas que permitia chegar à conclusão verdadeira. Modernamente, adquiriu sentidos e inflexões diferentes e tornou-se uma espécie de pedra filosofal do nosso tempo, uma maneira dinâmica de interpretar o mundo, os fatos históricos e econômicos e as próprias ideias onde a oposição e a antítese, num movimento contínuo criam novas conclusões, nenhuma derradeira, mas sempre em perspectiva de uma nova ideia.

Albio Melchioretto
albio.melchioretto@gmail.com
@amelchioretto
Todos os canais esportivos apostam no formato de debates. Alguns canais são mais cometidos, outros pitorescos na busca pela audiência, alguns prezam pela técnica de apontamentos. O fato é que esta possibilidade não está restrita aos canais esportivos, mas também se estendendo a todos que pensam em falar de esportes. A função de um debate é apresentar diversas possibilidades de reflexão sobre um mesmo fato. O que valida um debate não é a lamúria, mas a dialética que envolve os partícipes. Se A menciona um bom argumento, B pode responder e no final do diálogo, A e B saem do programa com uma nova ideia e não apenas com suas verdades.

Nos últimos dias as mídias sociais ficaram empolvorosas quando Mauro Cezar Pereira, dos canais ESPN, travou uma conversa mais ácida com dois colegas, um em cada programa. Ali não houve debate, apenas uma imposição de ideais. É o que mais experimentamos nos programas de debate. A imposição de ideias e a intolerância diante do outro. E quando falta argumentos algum imbecil fala, “é a minha opinião” ou ainda “vou respeitar a tua como tua via respeitar”. Isto não é debate. Se for para ficar nesta passividade não adiante um parlatório, fico com minhas conclusões e ponto. O debate deve seguir um princípio dialético, onde as falas e os argumentos servem para que cada partícipe possa desmistificar suas ideias e construir novas conclusões até o próximo debate, e nos espectadores, experimentarmos o mesmo movimento de construção e desconstrução. Em discussões esportivas é preciso despir-se das verdades dogmáticas e estar aberto a novas reflexões. Fator que muitas vezes falta aos programas de debate.

Tomei o exemplo do Mauro Cezar na ESPN, mas a lógica vale para todo e qualquer programa do gênero.

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