Silvio Luiz diz que não se arrepende de não ter aceito convite da Globo

Locutor foi convidado pela Globo para narrar a Copa de 1982 (Reprodução)
O narrador Silvio Luiz, atualmente na RedeTV!, deu depoimento ao R7, por Cosme Rímoli, abordando diversos assuntos. Sobre o relacionamento entre jornalistas e jogadores, ele entende que é o pior possível, atuaalmente. "Está claro que os jogadores não querem ser incomodados ter de se posicionar. Os repórteres não têm saída e aceitam as superficiais coletivas. Ou então precisam vender sua alma para conseguir exclusivas onde não podem perguntar de verdade. Tudo é falso. Superficial. De propósito. Quando eu era repórter de campo, no início da carreira, tudo era diferente. Cansei, de no aquecimento do Santos, servir de bobinho para o Pelé, Edu, Zito, Carlos Alberto. No intervalo, descia para o vestiário e ia chupar laranja dos jogadores. Quando o técnico dava a preleção, eu me afastava tamanho era a nossa relação de respeito. Poderia ouvir, se quisesse. Mas me afastava. Não precisava ser covarde para ter informações. Essa proximidade fazia bem para os dois lados. Eu sempre tive a liberdade de criticar quando o jogador estava mal, cobrá-lo inclusive na entrevista. Ele entendia. Não é porque eu era jornalista e ele um atleta que deveríamos nos odiar. Hoje, não. Ou está cada um de um lado. Ou só os puxa-sacos conseguem entrevistas. Mas vazias, que não levam a nada", afirmou.

Silvio também abordou a questão do jornalista revelar o time que torce. "Essa história de narrador dizer o time que torce é algo que vai contra a sua própria credibilidade. Se ele assume ser palmeirense, todos vão pensar que ele vai puxar sardinha para o Palmeiras no jogo. Estes anos de carreira me fizeram mudar. A minha torcida, de coração, é para os amigos que tenho nos diversos clubes. A minha grande alegria foi ver o Corinthians campeão em 1977. Pelo Oswaldo Brandão, que era meu grande amigo. E nunca fui corintiano. O Galvão Bueno só revelou agora que é flamenguista porque não narra mais Campeonato Brasileiro. Aí é fácil... Pode reparar, a Globo transmite cada vez mais dos seus estúdios. Os narradores e comentaristas evitam ir aos estádios por causa dos torcedores violentos. Dos bandidos que se infiltram nas organizadas. Eu só tive problema uma vez. Ao ir narrar no Parque Antártica. Sabia que os torcedores prometeram bater em mim porque tinha criticado o time. Fui e saí de camburão. Uma situação deprimente. A nossa sociedade não aceita mais opinião contrária. Veja o ódio nas redes sociais. Opine sobre qualquer assunto. Quem for contra, só falta te matar. É essa falta de respeito que eu não me conformo", opina.

O narrador conta que foi convidado para participar da transmissão da Copa de 1982, pela Globo. "A Globo pode até ter tido apoio dos militares. Mas ela só se apoderou do futebol de verdade, em 1982. Quando transmitiu com exclusividade a Copa de 1982. As outras tevês não pagaram a taxa de transmissão que a Fifa exigiu. E a Globo deitou e rolou, com aquele time fantástico do Telê Santana. Foi para esta Copa que fui convidado para trabalhar. Mas quando perguntei se seria eu ou o Luciano do Valle quem transmitiria a final, percebi que seria o Luciano. E que estava sendo contratado para ser mais um. Na verdade, a Globo queria ferrar a Record. Não fui. A Record transmitiu a Copa pela rádio. E tivemos uma audiência enorme com a campanha: 'veja o jogo na Globo e ouça a Record'. Nossa audiência foi sensacional", relembra, para em seguida, completar. "Eu tirei a gravata, o gesso do Galvão Bueno e das transmissões esportivas da Globo. Trabalhando na concorrência, acabei com o padrão que o Boni impunha. Humanizei o futebol. Ele queria que as narrações fossem amarradas, como na Inglaterra. Mostrei que o brasileiro vê o futebol com descontração. Não é um aniversário da rainha da Inglaterra, no palácio de Buckingham".

E Silvio Luiz ainda revela a razão de não aceitar o convite da Globo. "Não aceitei ir para a Globo e não tenho o menor arrependimento. Por anos, a Globo contratava as pessoas que faziam sucesso em outros canais e tirava a alma. Só para encaixar no padrão imposto pelo Boni. Sempre tive a minha personalidade e não iria me sujeitar. Fui muito sincero quando o Nilton Travesso me convidou. Disse não e não me arrependo. Se tivesse ido naquela época, iriam matar o meu estilo", finalizou.

Para ver o depoimento na íntegra, clique neste link.

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