'Crônica esportiva de Chapecó também vai ter que se reconstruir', diz radialista

Rádio Chapecó perdeu profissionais mais uma vez; em 1976, dois morreram em acidente (Felipe Vita/UOL)
"Se a Chapecoense vai ter que se reconstruir, a crônica esportiva de Chapecó também vai ter que se reconstruir", disse Ivan Carlos, radialista da Super Condá, num intervalo entre programas na quarta-feira (30). Em meio ao luto, ao desgaste emocional de encarar a burocracia para trazer corpos de colegas de empresa ao Brasil, ainda existe a missão de seguir preenchendo programações. As rádios esportivas da cidade não pararam de trabalhar, mas nestes dias operam em clima de devastação, segundo o UOL Esporte, por Bruno Freitas, Danilo Lavieri, Felipe Vita e Luiza Oliveira.

Seis profissionais de quatro rádios da cidade morreram no acidente aéreo que vitimou a delegação da Chapecoense na Colômbia, na segunda: Gelson Galiotto e Edson Luiz Ebeliny (Rádio Super Condá), Fernando Schardong e Douglas Dorneles (Rádio Chapecó), Jacir Biavatti (Rádio Vang FM) e Renan Agnolin (Rádio Oeste Capital). Apenas o narrador Rafael Henzel (Oeste Capital) sobreviveu.

Eram todos eles figuras populares do microfone local, identificadas com o público como as vozes que repercutiam a atualidade do time da cidade – e sua grande fase esportiva. A partir de agora, no entanto, as emissoras vão enfrentar uma reposição forçada.

"A gente sabe que, de certa forma, a sociedade de Chapecó fundou o time, e hoje o time se tornou maior do que a cidade. Os jogadores vão, os jogadores vêm, a associação fica aí. Mas os cronistas eram pessoas que a gente tinha contato direto, diário", comentou Fernando Bonner Neto, diretor da Rádio Chapecó.

Dias antes da histórica cobertura na Colômbia, para o primeiro jogo da final da Sul-Americana contra o Atlético Nacional, a imprensa esportiva de Chapecó se reuniu em um jantar de fim de ano. Praticamente todos os radialistas que viajaram estavam presentes.

"Foi a última vez que nos vimos. Estava todo esse pessoal", contou Fernando Bonner Neto, da Rádio Chapecó. "E isso nos deixa um pouco amargurados. Era tão comum eles saírem para uma transmissão esportiva que poucas vezes desejávamos um 'boa viagem', um abraço", acrescentou.

Uma mesa-redonda na tarde de quarta-feira na Super Condá debatia a dor pela perda dos amigos no acidente da Colômbia. O programa contou com diversas manifestações de ouvintes e contato de uma emissora do Amazonas, que prestou homenagem aos profissionais de Chapecó. Nos bastidores, no entanto, o luto pela perda do narrador Gelson Galiotto e do repórter Edson Luiz Ebeliny estava presente em cada gesto ou palavra.

"Eles eram dois lutadores. Dois que superaram falta de estudo, com vontade, com empenho, com dedicação. O Gelson se transformou num narrador fazendo. O Edson se transformou em um repórter também fazendo, na prática. Dois guerreiros", comentou Ivan Carlos, coordenador Super Condá.

"Nós vamos ter que reconstruir a equipe. Não sei como a gente vai fazer, mas temos que repor os profissionais. Não parei para pensar nisso ainda, mas a gente sabe que vai ter que acontecer", concluiu o jornalista.

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