Escobar relata situação de pânico quando trabalhava em empresa de fretamento aéreo

Alex Escobar fez o relato no 'Redação SporTV' (Reprodução)
Apresentador da edição do Rio de Janeiro do 'Globo Esporte', Alex Escobar foi comissário de voo antes de seguir carreira no jornalismo e passou por um grande susto pelo mesmo problema apontado como possível causa do acidente da Chapecoense, a falta de combustível. No 'Redação SporTV' desta quinta-feira (7), ele lembrou de uma situação de pânico vivida quando trabalhava em uma empresa de fretamento e revelou que a prática de economizar no combustível é comum neste tipo de voo, diferentemente do que acontece em grandes companhias.

"Vi o pessoal dizer que as grandes companhias regulares também podem fazer isso, economizar combustível. É uma hipótese que não existe porque eles sabem que vão ter um voo logo depois, se sobrar combustível ele é aproveitado, na próxima hora muitas vezes. A companhia de fretamento mutias vezes não sabe quando vai ter um próximo voo. Por isso, eles fazem essa prática de economizar combustível sim e isso quase levou a minha vida e dos meus companheiros", contou, ao lembrar de um susto que passou em situação semelhante.

Ao contar o episódio, Escobar lembrou que voltava da Venezuela e pretendia fazer um pouso no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, mas o local estava fechado devido as condições do tempo. Na ocasião, segundo ele, também não havia combustível suficiente para "alternar" (fazer uma rota alternativa para outro aeroporto), e o piloto acabou fazendo um pouso na base aérea de Santa Cruz sem consentimento.

"Trabalhei por quatro anos como comissário de bordo, três desses anos em uma companhia de fretamento, que já acabou. Ela tinha um avião só, uma situação muito parecida com a LaMia (usado pela Chapecoense), um avião grande, com capacidade para 350 passageiros. Aconteceu uma coisa muito parecida comigo, fizemos um voo para a Venezuela com o avião lotado e na volta viemos para o Rio só com a tripulação. Nessa volta, não tínhamos ciência disso, mas nosso comandante, na intenção de economizar combustível, também não pôs combustível para um voo alternado. Se você vem para o Galeão, por exemplo, tem que ter combustível para alternar para Guarulhos ou outro aeroporto que comporte o avião", contou.

Ao continuar o relato, o apresentador revelou ter vivido momentos de desespero e disse que, apesar do sucesso do voo, a  no pouso, o comandante levou uma bronca e não pode continuar exercendo sua função.

"Percebi de fato que teve algo muito errado quando  o comandante que levou o avião para a Venezuela, que estava descansando, se levantou e foi correndo para a cabine. Depois, saiu um companheiro nosso chorando e então ele relatou que havia um problema de combustível, o comandante não tinha colocado combustível para alternar e ele chorava porque havia uma discussão do comandante com a torre da base aérea de Santa Cruz, porque ele resolveu levar o avião para lá, mas não teve o pouso autorizado porque a pista não era homologada para aquele avião. Ele insistiu, levou o avião até lá, e foi um pânico porque havia risco da pista quebrar, do avião varar a pista por ser curta, mas acabou dando certo. Teve um cheiro de queimado terrível. Ao abrir a porta do avião, entrou um oficial da aeronáutica, perguntou quem era o responsável, ele olhou para o comandante e falou: vou cuidar pessoalmente para que o senhor jamais pilote um avião de novo. E pelo que sei ele não voltou a pilotar", completou.

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