Globo, CBF, Seleção Brasileira e o salto no desconhecido, por Aécio de Paula

Colunista estreia falando dos amistosos da seleção sem a Globo (Thomas Santos/Mowa Press / LANCE!)
Quis o destino que logo na minha semana de estreia no Portal Esporteemídia.com, a Globo e a CBF protagonizassem um tema que geraria uma profunda discussão sobre os direitos de transmissão das partidas da Seleção Brasileira na nossa televisão. Na última semana, a emissora anunciou que não transmitiria as partidas contra Argentina e Austrália nos próximos dias 9 e 13 de junho por não chegar a um acordo com a entidade.

É a primeira vez em muito tempo que a toda poderosa deixa de transmitir uma partida amistosa da Seleção sem que tenha sido por vontade própria. Uma mudança de paradigma? Não. Um mergulho no desconhecido.

Opiniões de analistas pra lá, opiniões de jornalistas pra cá, o fato é que não há um consenso sobre quais serão os próximos capítulos desta história. Os mais críticos do poderio da Globo perante o futebol brasileiro afirmam que a mudança democratiza toda a situação que envolve os direitos de transmissão do time nacional. Os mais cautelosos veem com preocupação  a situação dos patrocinadores da CBF, que a essa altura, estão receosos com a mudança.

O próximo importante capítulo desta história vai acontecer na sexta-feira (8), às 7 da manhã. Vale a pena ficar de olho na qualidade de transmissão da CBF, nas audiências da TV Brasil e da TV Cultura além da aceitação da transmissão pelas redes sociais. Todos esses elementos podem ser decisivos para o final desta trama.

Também vale ficar de olho na postura da TV Globo em relação a esses dois amistosos. Acusada por muitos de esconder os eventos que não têm direito de transmissão, é preciso analisar a cobertura dos seus jornais, programas esportivos e portais de notícias em torno dessas partidas.

Na transmissão da final da Liga dos Campeões no último sábado, o narrador Galvão Bueno mandou  um “É a TV Globo mostrando tudo aquilo que é importante no mundo do esporte”.  É difícil entrar na cabeça do principal narrador da Globo para saber o que ele quis dizer com isso, mas de fato, parece já ser uma tentativa de justificar uma possível indiferença da emissora em relação as partidas.

Na última segunda-feira (5), o programa 'Bem, Amigos!', no SporTV , que é apresentado pelo mesmo Galvão Bueno, não destinou nenhum segundo para discutir os próximos compromissos da equipe de Tite como quando normalmente faz às vésperas dos jogos que transmite. É um Brasil e Argentina, a um ano para a Copa do Mundo, com direito a estreia de um grande técnico na equipe adversária e com a presença de um dos melhores jogadores do mundo. Isso não seria um jogo importante, Galvão? Talvez devêssemos pensar que o que é importante para a Globo não necessariamente é importante para os telespectadores. Ou vice e versa.

Fato é que essa novela ainda está muito longe de acabar.  O capítulo de sexta vai ser emocionante e decisivo para o futuro dos nossos personagens, mas de certo não será o último. Se a Globo voltará a fazer as pazes com a CBF ou se a CBF conseguirá manter seu projeto de independência nas transmissões ninguém sabe. Estamos mergulhando no desconhecido. Mas entendo isso por experiência própria. Não devemos temer o novo. Afinal, assim como um jovem jornalista não deve temer a possibilidade de começar algo novo, o futebol também não deve ter medo de experimentar coisas novas.

E isso é tudo!

Espero que gostem.

Por Aécio de Paula
Colunista do Esporteemidia.com
@TorcidaBrasil2

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