Coluna do Professor #226, por Albio Melchioretto


O PAPEL DO COMENTARISTA

Nestes dias de férias tive a oportunidade de acompanhar diversas partidas de futebol, inclusive algumas em reprise no canal Premiere Clube. Dediquei-me, em diversas partidas, a prestar atenção na figura do “comentarista” do jogo. Uma figura muito importante, mas por vezes, a vontade era de deixar a televisão na função “mudo”. Pelas andanças do line-up destaco três tipos de comentaristas. O primeiro deles, aquele que não acompanha futebol e comenta pela Wikipédia; o segundo, o que faz uma narração em segundo plano e por último, o comentarista que exerce sua função.

Colunista analisa os tipos de comentaristas esportivos (Reprodução/UOL)
Alguns comentaristas, em jogos menores, o cidadão que acompanha o narrador, repete informações da Wikipedia. Desconhece a história dos jogadores, dos clubes. Encontrei deste tipo na primeira fase da copinha, e em jogos sem muita expressão, torneios de verão, e muito futebol exótico. Em tempos de conexão perene conseguir informações não é tão difícil. Conhecendo inglês/espanhol e um bom tradutor, acompanhar o torneio nacional de Papua Nova Guiné não é uma tarefa complicada. Então, que dirá dos torneios conhecidos que temos em nossa televisão? Este tipo de narrador mostra que não acompanha futebol, mas gosta de falar de futebol. Não se envolve, não pesquisa, acha, acredita em teorias com base na sua experiência, mas não conhece números, dados e esquemas táticos. Famosos são por errar o nome dos jogadores. Nada acrescenta e dá muito sono.

O narrador é aquele responsável a contar a história e dar certa emoção a disputa da pelota. Alguns comentaristas repetem o mesmo da figura do narrador, porém, sem emoção. Ele não acrescenta nada, apenas repete a mesma história, a mesma narrativa. A imagem é clara e fala por si só. Sem necessidade deste tipo de comentário, mas ele mostra que o profissional não se preparou para ele o jogo de futebol é uma zona de conceito tão complicados quanto calcular diferencial e integral, por isso repete o mais do mesmo. Totalmente desnecessário.

Albio Melchioretto
albio.melchioretto@gmail.com
@professoralbio
Por último, o grande comentarista. Aquele que percebe o jogo, explica a tática, conhece os envolvidos da história do jogo e do campeonato. Consegue explicar as substituições realizadas ao longo do jogo. Um estudioso do futebol. Figura em extinção. Nesta questão, rasgo elogios a Paulo Vinícius Coelho; Rafael Oliveira; Paulo Calçade e Eduardo Tironi. Ainda não vi Ana Thais Mattos, do Sportv, numa partida de futebol, mas gosto de seus comentários no Troque de Passes. Claro que ao escrever isso, corro o risco de deixar muita gente boa de fora. Mas a lógica é esta, ouvir comentaristas que acrescente algo ao visto, que torne o invisível dito e as mudanças fáceis de entender. E expliquem as diferenças estratégicas de um partida que muitas vezes assemelha-se a um jogo de xadrez.

E para você, nobre leitor, quais são os melhores comentaristas?

DICA CULTURAL: Uma produção de J. Lorenzo Perez apresenta o longa “Eusébio, o pantera negra”, 1973. Um filme antigo, onde o próprio Eusébio apresenta sua história e trajetória de como se tornou o grande jogador da história de Portugal. Desde sua infância no Moçambique ao sucesso na Copa do Mundo de 1966. O longa traz muitas imagens e jogadas do craque em campo. O filme assume uma linguagem poética, mas para além da bola ele traz um banho cultural, com músicas, diálogos de um tempo que já não nos pertence. Interessante, nas cenas de futebol, é notar a maneira como se praticava o jogo, contato físico sempre intenso, uma forma ríspida de se jogar.



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10 Comentários

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  1. Ontem quem acompanhou Vasco x Madureira e depois conseguiu assistir Fluminense x Volta Redonda, viu perfeitamente a diferença. No primeiro jogo Raphael Rezende mostrou o tão bom é, comentários perfeitos, explicações conceituadas, mostrando conhecimento do que estava acontecendo, no segundo tinha o Edinho...

    Considero os melhores, PVC, Júnior, Lédio Carmona, Noriega, Rafael Oliveira, Raphael Rezende, Calçade e Caio.
    Gosto do Vítor Sérgio, mas gostaria de vê-lo em uma transmissão mais sóbria, com menos "emoção", para que pudesse realmente comentar o jogo.
    Já ouvi muitos bons comentários sobre o Bruno Formiga, mas lembro dele comentando, por isso não citei. Já me disseram que é muito estudioso e conhecedor do que fala.

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    1. Concordo com os apontamentos do Albio. Em relação aos q vc citou Tomás, o Junior é sonolento, e o Bruno Formiga da Turner é aquele cara metidão a fazer estatística mas furada, tipo, exalta quantidade de passes de determinado jogador, mas não analisa se foram passes construtivos ou aquele famoso passe de lado ou recueta pro goleiro, por isso, passa longe dos demais citados.

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  2. Olha, há muito, adotei o hábito de assistir futebol pela TV com volume zerado e escutando música. Trata-se de duas das minhas paixões: futebol e música. No começo era uma aversão ao tipo de comentarista que você identificou como "mais do mesmo", isso me estimulou. Depois, refletindo sobre e com todo respeito aos profissionais narrador e comentarista, me perguntei: preciso mesmo viver a experiência de assistir uma partida de futebol pela TV com o auxílio desses profissionais? Não. Não preciso. Estou vendo o jogo e isso basta. É como ir a um show de sua banda preferida e alguém do seu lado comentando: "olha, agora ele vai fazer um solo de guitarra e tal"; algo completamente desnecessário. Se você gosta de música, tente uma vez essa experiência. É muito bom. Abraços.

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    1. Vou fazer isso um dia. Tem jogos com uns determinados comentaristas que merecem esse experimento.

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  3. *É Troca de passes e não troque de passes.

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    1. No mais, belo texto, só acho que a televisão reflete o que o telespectador quer ver, muitos acham os bons "mais chatos", Eu discordo mais sei que a maioria das pessoas não, já estou cansado de ouvir que quanto menos eles falarem melhor, vai entender isso.

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  4. Já que citou bons exemplos, vou citar ruins.
    No Sportv a maioria apenas reproduz o que tá no wikipedia mesmo. Exceção feita a Ledio Carmina, Mauricio Noriega e Raphael Rezende.
    O Wagner Vilaron pra mim é o pior de todos, assisti a Champions no cinema com ele comentando em 2016. Ele não entende nada de futebol.

    Neto é um exemplo de narrador. Cara insuportável.

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  5. É muito jogo, não dá pra comentarista ficar vendo e estudando o dia inteiro jogo de futebol,mais são estes mesmos comentaristas que foram citados,que o pessoal aqui deste espaço metem o pau.Não dá pra agradar a todos.

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    1. Pra vc que em outras duas matérias disse ser leigo na questão tática de um jogo, qualquer Neto da vida é um excelente comentarista. Pra quem não é leigo, gosta e entende um pouco que for, sabe que o relatado na matéria é uma verdade, cheio de papagaios no lugar de comentarista pra valer.

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