Coluna do Professor #239, por Albio Melchioretto


O PATROCÍNIO ESTATAL NO ESPORTE É UMA QUESTÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Nos últimos meses a ausência da Caixa no patrocínio de clubes de futebol e de outras competições, como o NBB (Novo Basquete Brasil), tem causando uma transformação no cenário esportivo do Brasil. Por exemplo, diversas partidas no NBB deixaram de ir ao ar, em todas as janelas exibidoras. A participação do governo no esporte é uma questão de desenvolvimento social. O esporte, tem um apelo social muito grande e é importante para o desenvolvimento humano de uma nação. Vide por exemplo, o que a África do Sul fez com o esporte após o Apartheid*. Ou ainda, como a China tem tratado a Super Liga para desenvolver o futebol no país. Ou a forma como o governo da Alemanha tratou a Copa do Mundo de 2006. E mais, o Bareihn com a F1 e o ciclismo...

Colunista discorre sobre o patrocínio estatal no esporte, como o da Caixa (Reprodução)
A presença de estatais no esporte não é novidade dos últimos anos. Lubrax estampou sua marca na camisa do Flamengo por mais de uma década. A Petrobras chegou a Williams, e foi uma marca forte na extinta F3000, trazendo algumas corridas para a TV Globo, muito antes de aparecer na “lataria” da McLaren. E isto não é apenas no Brasil. É um expediente repetido muito afora. A Laboral Kutxa, que não é uma estatal, mas uma cooperativa, no País Basco é um caso a se estudar…

Dito isto, chego aos questionamentos do caso Caixa. Motivado por um discurso inflamado de mudança estrutural a estatal beira o absurdo ao não cumprir contratos. Uma coisa é a colocação de uma ideologia neoliberal, outra coisa é não honrar seus contratos. Não podemos tornar o patrocínio estatal em um vilão. Os números apresentados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e pela Transparência Caixa mostram um cenário bem diferente daquele vociferado pelo Ministro da Economia, fato que motivou a retirada do patrocínio Caixa.

Do total de investimento feito pela Caixa em propaganda e marketing, apenas 26% foi direcionado a patrocínios esportivos nos últimos seis anos. Os contratos, a grosso modo, tem gerado aumento de receita, porque eles envolvem questões de dívidas trabalhistas. Há uma geração de receita em casos bem significativos, vide o envolvimento com os grandes clubes brasileiros. Além disto, há um retorno de mídia 5 vezes maior que o investido de acordo com o TCU. Diante de tais números como não endossar a crítica a saída não contratual da Caixa no campo do patrocínio?

Albio Melchioretto
albio.melchioretto@gmail.com
@professoralbio
Já mencionamos a perca do NBB em janelas de transmissão, mas ainda, há o futebol feminino que foi duramente vitimado neste corte abrupto; há ainda a situação envolvendo alguns clubes, vide os alagoanos CSA e CRB. O Estado não pode ser o único responsável pelo desenvolvimento do esporte, mas ele pode, e deve, oportunizar meios que façam o esporte desenvolver-se. É uma questão social, tanto o esporte amador quanto o esporte em alto nível.

Seria mais oportuno, e menos demagógico, regular que cortar!

* Dica cultural: Invictus (Drama, 2009). Após o fim do apartheid, o recém-eleito presidente Nelson Mandela lidera uma África do Sul que continua racial e economicamente dividida. Ele acredita que pode unificar a nação através da linguagem universal do esporte, no caso o Rugby.

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1 Comentários

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  1. Deveriam investir a grana em escolas, formação e desenvolvimento de jovens atletas em colégios do que aplicar a grana em clubes de futebol ou emissoras que transmitem algum evento.

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