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O Estado de S. Paulo lançou uma notícia, nesta segunda-feira, 06 de abril, que pode alterar os veículos que mostram o Brasileirão. A reportagem comenta, sem lançar detalhes, da insatisfação do Grupo Turner com a transmissão do Brasileirão. Dentro de tudo que é apresentado, há dois elementos interessantes. Primeiro, a Turner, via TNT, teve uma queda de 85% da audiência, comparando o início do campeonato passado ao final dele. É importante considerar a exclusividade do Palmeiras, no Grupo Turner, nas primeiras rodadas. Elemento pouco discutido quando se analisa as audiências da competição. Segundo, a Turner, a transmissão esbarra em detalhes que tornam a competitividade midiática inviável, elemento que é problemático neste modelo de venda. São os mesmos detalhes que fizeram outros parceiros do futebol (SBT, Rede Record e Band) abandonar as transmissões do principal torneio do país. Se a Turner, de fato, romper os contratos com os oito clubes, será que, haveria neste momento outro interessado? A história pode nos dar alguma pista.
Em abril do ano passado, o site Trivela apresentou uma série de cinco postagens sobre a história dos direitos de transmissão do Brasileirão. Há bons textos acadêmicos disponíveis sobre o tema e valiosos livros. Um deles, “A dança dos deuses”, de Hilário Franco Jr., menciona o medo dos clubes, a partir dos anos de 1960 da televisão roubar o público dos estádios. Daí a recusa em levar o espetáculo para as telas, deixando o ao vivo para as rádios e a reprise para as TVs. Aos poucos, a ideia foi quebrada. Do início, em 1971 até 1986, não houve direito do Campeonato. Os jogos individuais eram negociados a parte. Então, na primeira década do Brasileirão (sem o mérito do reconhecimento das competições anteriores), a TV Cultura SP; a antiga TVE RJ (atual TV Brasil), TV Gazeta e Rede Globo (por meio dos gols do Fantástico) mostraram reprises, compactos e melhores lances. Por exemplo, as fases finais chegaram a transmissão ao vivo. A invasão corintiana, no Brasileiro de 1976, foi mostrada ao vivo, pela Rede Globo e TV Tupi (disponível no YouTube). Naquela tarde, a TV Tupi, abriu mão do intocável Programa Sílvio Santos, líder absoluto de audiência, para mostrar o futebol. Alguns anos mais tarde, no confuso brasileiro de 1986, teve um duelo interessante, de um lado um consórcio entre Rede Globo/Band/Record (de copropriedade do Sílvio Santos, nesta altura) e noutro lado a surpreendente TV Manchete, que fez sozinha a finalíssima entre Guarani e São Paulo. E o discurso de inflacionamento do mercado já se fazia presente “naquela época”, como contra-argumento da disputa televisiva pelos jogos.
Os direitos de transmissão do torneio começam com a Copa União de 1987, que prometia ser um torneio para revolucionar o futebol brasileiro. Pela primeira vez, jogava-se a ideia de pensar a principal competição como liga. A Rede Globo tornou-se parceira na criação da Copa União, que acabou mostrando o Módulo Verde (aquele com Flamengo campeão), e de carona o SBT, mostrou alguns jogos do Módulo Amarelo (aquele com Sport Recife, campeão). Rede Globo seguiu em 1988, quando a relação foi se desgastando. Na competição seguinte, entraram em 1989, Bandeirantes e Manchete.
Os anos de 1990 começa com a exclusividade da Bandeirantes, pois só ela aceitou mostrar o principal torneio, após desdém da Globo. Década marcada por confusões extracampos, viradas de mesa e mudanças de regulamento. Entre tantas aberrações na organização da CBF. Na televisão, em 1992, a Rede Globo, voltou ao cenário do Nacional, ano que teve a Rede OM (atual CNT), mostrando a Libertadores, e Copa do Brasil, com ótimos resultados. Naquele ano, também Bandeirantes mostrou o nacional. Depois disso, na TV Aberta reinou tão soberanamente a Rede Globo, chegando a estabelecer parcerias com a Rede Record e Bandeirantes. É bom mencionar, que dos anos de parceira entre Globo e seus parceiros, as determinações e as escolhas dos jogos cabiam a Globo. Chamar o momento de parcerias é muita benevolência.
Albio Melchioretto albio.melchioretto@gmail.com @professoralbio |
Chegada a nossa década, surgiram algumas parecerias. Na televisão paga, a partir de 2013, a Fox Sports mostrava jogos em VT. Em 2017 e 2018, a ESPN Brasil mostrou os “melhores momentos” em supercompactos, dentro de seus programas jornalísticos. A partir de 2019 que a Turner entra na parada da mostragem de jogos exclusivos na TV por Assinatura (sem considerar o PPV). Neste meio tempo, no ano de 2011, o Clube dos 13, lançou edital para o Brasileirão 2012/2015, como estratégia política para fortalecer o futebol nacional. A RedeTV! e a Rede Record participaram, com o canal de Osasco fazendo a melhor proposta. Resultado final, o Clube dos 13, implodido, e Rede Globo/Sportv, voltando a mostrar o certame exclusivamente.
Com um olhar rápido, no banco de artigos acadêmicos, do Portal CAPES, nos deparamos com muitos estudos questionando a exclusividade. Tivemos a concorrência, e parece, pelos argumentos expostos no Estadão, que não deram certo. Será que o problema é mesmo exclusividade ou é o paradigma adotado para a venda dos direitos?
Nao adianta enquanto a globo nao cair ela vai mandar no futebol brasileiro !!
ResponderExcluirO problema é um pouco de tudo. Exclusividade nunca foi algo legal e a maneira como os direitos de transmissão são tratados no Brasil só dificultam as coisas.
ResponderExcluirEspero mesmo que a TNT não abandone o barco. Mas, acredito que eles se enganaram se acharam que teriam muita audiência com o Grupo Globo fazendo marcação cerrada.
O futebol brasileiro é uma várzea nessa questão.
ResponderExcluirVeja Só :
NBB tem transmissão de seus jogos no Fox Sports, Espn Brasil, Band, Facebook, Twitter, Twitch e DAZN, sem nenhum entrevero.
Já na questão futebol, nem nos estaduais conseguem fazer um acerto de tv decente, no Brasileiro, a várzea impera.