(Crédito da foto: Fernando Moreno/AGIF) |
Nos últimos dias um jogador do Premier League escocesa rompe a bolha, viajou “as escondidas” pela Europa e a imprensa local, ao noticiar, o chamou de “Covidiot”. As críticas não foram poupadas diante do comportamento insano do jogador. Um dos jornais de Glasgow foi ao extremo solicitando a dispensa do jogador. Outro trouxe uma coluna refletindo dos riscos que a comunidade local foi exposta pelo comportamento do jogador.
A pandemia do COVID-19 nos apresentou uma terrível pedagogia, para usar uma expressão do pensador Boaventura de Souza Santos. Como todo aprendizado é possível escolher os novos conhecimentos ou a sombra da ignorância. A vivência a partir de uma pandemia mu ndial questiona o modelo desenvolvimentista adota. Se existia uma crença que o mercado é um agente regulador melhor que o Estado, visualizamos que os países onde a mão forte do Estado cuidou da população, hoje há uma vivência mais sadia, e países como o nosso, os Estados Unidos e o México, onde a Estado desistiu do combate a população sofre.
A maior lição da pedagogia do vírus é perceber o modo de vida em transição. E ao considerar o aspecto transicional novos protocolos e paradigmas seriam adotados. Parece que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é incapaz de perceber. Talvez, e só talvez, a preocupação da instituição seja a manutenção de uma tábua de lucros e não com os entes envolvidos na competição. O tom de crítica da coluna está nos sucessivos erros da primeira rodada que envolveram Goiás, CSA e Imperatriz. Houve erro nos processos de testagem.
Albio Melchioretto albio.melchioretto@gmail.com @professoralbio |
O campeonato não pode continuar na fragilidade do qual ele se apresenta. Os protocolos de segurança europeus são adequados para a Europa. O torneio brasileiro atua num espaço territorial superior a Europa como um todo. Lá, quando do tamanho, as competições se recolheram numa bolha. Já que fazer jogar futebol foi uma escolha, porque manter o regulamento suicida de idas e voltas e pontos corridos neste momento?
E a crítica aqui, agora sim, vai a organizadora, a CBF, aos clubes e a televisão que mostra. Podem até criticar nas mesas redondas a escolha de fazer jogar deste jeito. Mas todos os entes envolvidos escolheram um modelo fadado ao fracasso que flerta com a morte. Parece-me que pelo menos, a imprensa escocesa teve coragem maior em apontar os COVIDIOTS que a brasileira.