Coluna do Professor #342, por Albio Melchioretto

(Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

A SELEÇÃO DA CBF COMO RESULTADO DA LÓGICA FINANCEIRA

Por qual veículo acompanhamos o jogo entre Uruguai e Brasil pelas Eliminatórias? Em alguns momentos ouvi pela Rádio Globo/CBN, mas por conta das tarefas de momento, troquei pelo NBB na ESPN. Foi a terceira vez que um jogo da seleção da CBF esteve fora da TV Aberta no Século XXI. Foi a primeira comercializada em pay-per-view, e pela ausência de crítica, naturalizou-se rapidinho. Não comentarei o streaming do EI Plus como alternativa porque desejo focar a crítica na ausência da televisão aberta e fechada. Este o ponto central que objetivo. Um pressuposto é evidente, existe um desinteresse pela seleção em jogos fora da Copa do Mundo. A repercussão é minimizada. E faço também coro a estes, o futebol dos clubes é mais interessante.

No Brasil, até a profissional-padrão dada pela ordem do capital, havia disputadas de seleções estaduais. Foram realizadas 30 edições do torneio entre os anos de 1922 e 1967, e uma edição especial em 1987. Rio de Janeiro, 15 e São Paulo com 13 foram os maiores vencedores. Minas Gerais e Bahia possuem uma conquista cada. Estranho pensar um torneio deste tipo. Se já temos dificuldades para justificar a existência dos estaduais, quiçá pensar um torneio de seleções de Estados.

Albio Melchioretto
albio.melchioretto@gmail.com
@professoralbio
Aplico a mesma lógica em as seleções de países. Na era da profissionalização não faz sentido pensar a nacionalização das disputas. A Copa do Mundo resiste por conta do apelo comercial e retorno financeiro. Os continentais vivem numa marginalidade. E as eliminatórias, apesar de se constituir como a primeira fase da Copa do Mundo, seguem a mesma marginalidade. Que faz e promove o futebol são os clubes.

A condição de momento, aliada a crise financeira estabelecida em nível mundial, são argumentos válidos para se questionar os valores praticados por direitos de seleções. A Mediapro teve pedida inicial de dois milhões de dólares para os jogos dos oito mandantes (exceto Argentina e Brasil) da América do Sul. A Globo abriu negociação e recuou, outras empresas sequer avançaram. O BandSports viabilizou a segunda rodada diante do expediente pagar-para-ver, numa ação comercial com Claro/Sky. A Turner tem apostado na venda do pacote de streaming, e tem TNT e Space como adendo. A seleção da CBF e as outras estão fora da televisão a serviço da ordem do capital.

Então, há duas considerações. Primeiro, o lugar de importância da seleção. Segundo, o espaço de marketing no qual reduz com a falta de exibição plena. A partir da ditadura militar com apoio civil, a seleção tornou-se um instrumento político. Hoje, o lugar dela junto aos jogadores não é o sonho máximo. Basta recordar entrevistas pós-jogos de categorias de base onde vários apontam como objetivo profissional atuar num grande time da Europa. E o segundo ponto, a CBF lucra com o marketing em torno da seleção, estar na televisão aberta é um fator determinante, a ausência é um risco com tais marcas. Elas continuarão no próximo ciclo do contrato? O mesmo fenômeno que provocou o distanciamento poderá provocar o retorno.




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