O Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT entrou com uma ação contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pela omissão do número 24 nas camisas da seleção durante a Copa América. O Brasil é a única equipe nacional na competição que não possui o número 24 entre os jogadores. A organização questiona, na ação, as razões pelas quais não se utiliza e ao mesmo tempo denuncia a forma preconceituosa como a seleção trabalha.
A resposta da CBF foi, “em razão de sua posição (meio campo) e por mera liberalidade optou-se pelo número 25. Como poderia ter sido 24, 26, 27 ou 28, a depender da posição desportiva do jogador convocado: em regra, numeração mais baixa para os defensores, mediana para volantes e meio campo, e mais alta para os atacantes”.
Albio Melchioretto albio.melchioretto@gmail.com @professoralbio |
Na onda contra o preconceito, o goleiro Halls, de 22 anos, do Vasco da Gama, passou a usar o número. O goleiro afirmou, via conta oficial do Twitter vascaíno, “Muitas pessoas se sentiam constrangidas em usar a 24, e a gente veio quebrando os tabus. Hoje me sinto honrado por estar ajudando numa causa muito bonita. É um gesto simples e grandioso". Primeiro, o grande gesto do Vasco com a camisa da tolerância, e agora, com Halls evidencia a grandiosidade que faltou a seleção da CBF.
Há um problema maior, que é a negativa desta discussão. Furtar-se ou criticar o questionamento do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT é pobreza de espírito. Não é uma questão de exigir que um jogador use o número 24, mas quando se há um 1-23;25, algo está dito, e o dizer fere a dignidade e o devir-queer. Negar o número 24 é reforçar a alienação sexual. Dizer que isto é besteira, ou que esta discussão não faz sentido é uma questão de ódio ou sandice de uma pobreza espiritual, é o reforço do exercício do poder branco-machista que promoveu as mazelas do domínio macho-caucasiano. Parabéns aos veículos, como Globo Esporte e Lance! que trataram o assunto com seriedade e compromisso e ao Grupo Arco-Íris pelo movimento.
Foto: Lucas Figueiredo