Coluna do Professor #375, por Albio Melchioretto (A nova Lei do Mandante)

Para o colunista acompanhar o time do coração será um processo mais caro (Foto: Geraldo Bubniak/AGB)

Não existe mágica com o dinheiro. Quando alguém ganha, outro perde. A nova lei do mandante fala em aumento de receita para os clubes. Então, pela mesma lógica, quem perderá dinheiro para que os clubes ganhem? A coluna se mostrou contrária a MP do Mandante, a MP 984/2020, lançada ano passado, porém, a PL 2336/2021 é diferente. E o maior benefício dela é a cláusula Globo, desnecessária, mas justa diante da imbecilidade de interpretações.

Albio Melchioretto
albio.melchioretto@gmail.com
@professoralbio
A lei do mandante é uma prática universalizada. Como a segurança jurídica diante dos contratos já assinados também. Os clubes passarão a ter maior autonomia nas negociações. Porém, a julgar pelas grandes ligas, negociações coletivas tendem a melhorar o produto, enquanto as negociações individuais favorecem o abismo entre os partícipes. O surgimento de uma liga para gerenciar o futebol das duas primeiras divisões do nacional pode ser um sinal de esperança aos clubes. Entretanto já vimos esta novela outras vezes...

Além da cláusula Globo, há de se considerar o caminho. Quando da MP estávamos com um olhar na Pandemia e lá foi uma medida provisória em meio ao descuido da população e alastramento da Covid-19. Agora há um caminho sustentado por um projeto de lei e pelos caminhos da normalidade. Não é uma questão de perseguição, mas a MP do mandante foi uma bestialidade diante das mortes das vítimas da Covid-19, imposta no momento errado, além da banalização da MP. Lançar uma medida para o futebol não faz sentido. O futebol é algo importante entre as coisas não importantes. O futebol nacional tem carteira para ser sujeito de medida provisória. A vida, a ciência, as vacinações, a emergência sanitária sim. Mas cuidar do futebol e negar a ciência é uma prática bem populista.

Estabelecer um caminho via projeto de lei é um caminho saudável. Embora duvide das intenções dos que propõem e dos lobistas. Mas a política é o campo da hipocrisia por excelência e o futebol, gerador de desigualdades, não fica atrás. E no cenário que pinta uma certeza, acompanhar o time do coração será um processo mais caro. Depois da elitização dos estádios, veremos a elitização das telas. Preparado para pôr a mão no bolso?



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