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Sinto falta do tempo que as notícias possuíam caráter investigativo. O furo de notícias soava como uma bomba. Repercutia por todos os lados. A mídia de massa produzia investigações secundárias sobre o escândalo principal. O furo investigativo movimentava dias e dias. Saudosismo do tempo em que os fatos eram furos. O que temos são notas de mídias sociais institucionalizadas.
Em 29 de dezembro, em nota, o Real Madrid FC, publicou no X (que nome horrível, prefiro ainda Twitter), a renovação de Carlo Ancelotti no clube madrileño até 2026. A notícia já era dada como certa, e não como furo, no dia 28 de dezembro, pela imprensa de Madrid. “Em suas cinco temporadas como técnico do Real Madrid, ele ganhou 10 títulos: duas Liga dos Campeões, dois Mundiais de Clubes, duas Supercopas da Europa, um Campeonato Espanhol, duas Copas do Rei e uma Supercopa da Espanha”, escreveu o clube ao anunciar a renovação com o experiente técnico.
A repercussão no Brasil foi imediata por conta da esperança que o presidente afastado da CBF mantinha em ter o italiano na direção técnica da seleção principal. E no mesmo tempo, já se especulava, quem será o novo técnico da seleção? Fernando Diniz continuará no comando? Nem se havia digerido a nota, o próximo factoide já havia se montado.
A derrocada da CBF, e da seleção principal, completam-se 21 anos. O auge do declínio seria o fatídico 7x1, porém, não houve melhoras após. Após a semifinal da Copa do Mundo Brasil-2014 a imprensa brasileira ocupou-se em apontar culpados e sugerir melhoras. Sem furos significativos, mas com uma reflexão profunda, os intelectuais do apocalipse extinguiram-se, e o futebol brasileiro continuou como se aquilo fosse apenas um acidente de percurso.
Encerra-se 2023 com dúvida maior. Ao acertar com o Real Madrid sabe-se que Ancelotti não virá. Mesmo que o GE, em 16 de junho de 2023, tenha publicado “para a CBF, o martelo está batido. Carlo Ancelotti será o treinador da Seleção a partir de 2024. Este foi o desfecho dos dois encontros que o italiano e o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, tiveram na Espanha semana passada”. Sem Ancelotti especula-se José Mourinho (Roma-ITA); Abel Ferreira (Palmeiras-SP); Renato Gaúcho (que ainda não renovou com o Grêmio-RS) ou Jorge Jesus (Al-Hilal-KSA).
Agora uma questão, por que não refletimos quem será o próximo presidente da CBF e foca-se tanto no treinador? Parece-me que a não-notícia, do futuro treinador da seleção comandada por Fernando Diniz produz efeito maior que a notícia, a qual são os escândalos políticos da CBF e a sua incompetência em administrar satisfatoriamente o futebol que já conquistou 5 títulos de Copa do Mundo e hoje vive de quebras negativas de recordes?
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