Coluna do professor #403: O impacto de Fred Bruno no comando do GE Esporte SP

Foto: Divulgação/Globo

Iniciamos o ano com um novo apresentador do Globo Esporte São Paulo, Fred Bruno, do canal Desimpedidos e com passagem pelo Big Brother Brasil 23. No dia 13 de janeiro, em conversa com a apresentadora Tati Machado, no Mais Você (TV Globo), ele contou que optou por uma filmagem semelhante das que fazia nos vídeos que publicava na internet, no seu antigo canal. 

Ao acompanhar o programa a mudança de estilo é evidente. O programa foca numa linguagem para atingir outro público, o qual é aquele distante da televisão, a chamada Geração Z (gen Zs), conhecidos como os nativos digitais. Lembro que quem escreve este texto é um migrante digital que por muitas vezes ainda opera em modo analógico.  

Em vez dos meios mais tradicionais a gen Zs prefere se comunicar por outras ferramentas. Segundo a jornalista Emma Sauders (2024), apenas 48% da gen Zs acompanha TV aberta. Em uma década este número caiu de 76% para os atuais 48%. Eles passam em média 33 minutos na frente da TV aberta diariamente. Tempo que corresponde a apenas 1/3 de uma partida de futebol, ou meio período de um jogo de handebol.  

O Observatório da Imprensa, ao recordar o professor Pierre Lévy (cf. Monteiro, 2014), afirma que todas as formas de linguagem, no tempo presente, convergem para o digital. Que é um espaço de informações mais rasas, de vídeos curtos, e uma grande virada, o comportamento multisscreen. Enquanto há um jogo na tela da TV, há uma conversa no celular, um aviso no dispositivo de monitoramento e muitas notificações no smartwatch. É o mundo da internet das coisas (IoT).  

A TV Globo acerta ao trazer o Fred Bruno para o Globo Esporte. Ela busca a formação de um “hipertexto” entre a gen Zs e o programa. Não se limita a isso. A presença de uma figura nativa da internet colabora para o processo de conversão do GE Esportes ao mundo digital do ciberespaço do Globoplay. A estratégia do multisscreen. Porém, o canal erra ao enfatizar a perca do conteúdo e da forma da gen Zs que vive na superfície dos conteúdos. Em vez de aceitar o supérfluo do raso, seria oportuno provocar o mergulho do conteúdo.  

Textos citados 

MONTEIRO, Jean Carlos da Silva. A linguagem da nova geração. 2014.  Acesso em: 25 jan. 2025.  

SAUNDERS, Emma. Gen Z: Less than half of 16-24-year-olds watch traditional TV, Ofcom says. 2024. Acesso em: 25 jan. 2025.  

Sobre o autor: 

Prof. Dr. Albio Fabian Melchioretto (www.albiofabian.com).  
Doutor em Desenvolvimento Regional. Professor pesquisador ligado a Faculdade SENAC Blumenau. 

1 Comentários

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  1. Todos vão se rendendo a imbecilidade, em troca da ''modernidade''.

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